#OrochExpedition: diário de bordo Dias 24 e 25
Por conta das confusões provocadas pelos tremores, a saída de Quito foi nervosa, com gente assustada nas ruas, motoristas apressados e muita tensão.
Com novos integrantes, a Oroch Expedition deixou a capital equatoriana e seguiu viagem em direção à fronteira com a Colômbia. Nossa meta é chegar até a cidade de San Juan de Pasto, no sul colombiano. A distância a ser percorrida não é das maiores, cerca de 350 quilômetros, no entanto todo o trajeto será de estradas simples, sinuosas, subindo e descendo montanhas gigantescas.
O computador de bordo da Oroch nos informa que nossa velocidade média tem sido abaixo dos 60 quilômetros por hora desde que entramos no Equador. Nossa média vai baixar ainda mais. A estrada é complicada, com muito tráfego de caminhões, o que torna impossível manter uma velocidade constante. Para completar, teremos de cruzar uma aduana extremamente burocrática.
Diversos relatos de viajantes falam sobre os trâmites complexos para se ingressar na Colômbia. Com a Oroch Expedition não foi diferente: gastamos duas horas para conseguir entrar na país. Sem dúvida, a mais complicada de todas as aduanas que passamos.
A demora para cruzar a fronteira fez nossa chegada à cidade de Pasto se tornar ainda mais penosa. No final das contas, gastamos quase 11 horas de viagem. Haja cansaço.
Um alerta para os futuros viajantes. Por conta de seu passado envolto com guerrilhas, narcotraficantes e terroristas, a Colômbia é um país onde as forças de segurança são extremamente ostensivas. Para se ter ideia, mal cruzamos a fronteira e fomos parados ao menos três vezes. Sempre, com policiais ou militares do Exército portando metralhadoras, fuzis, blindados e até mesmo tanques de guerra.
Para completar o quadro, acrescente motoristas descendo serras sem pisar no freio ou reduzindo marchas. Muitas vezes, parece que as estradas colombianas são lares dos mais rápidos - e imprudentes:
“Nas regiões de fronteira entre Equador e Colômbia parece que não existem regras de trânsito - é comum ver motociclistas andando sem capacete na estrada e ultrapassagens em lugares que parecem impossíveis. No final das contas, você aprende que nada é impossível e já nem me surpreendia ver carrinhos de rolimã e bicicletas descendo a toda trechos íngrimes de serra”, comenta impressionado Gabriel Aguiar, repórter da revista Autoesporte e também integrante da Oroch Expedition a partir de Quito.
A partir de Pasto a viagem segue sob clima de ainda mais tensão. Novamente o desafio é cruzar mais regiões de montanhas. No entanto, para piorar, vamos atravessar uma região que até hoje é famosa por conflitos entre o exército colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Não nos faltam alertas sobre evitar dirigir à noite e ter atenção redobrada nesse trecho. De Pasto até Cali são longos 400 quilômetros de trechos sinuosos e cheios de barricadas de militares. Assusta.
Felizmente, a Oroch Expedition conseguiu vencer mais esse desafio. Chegamos a Cali no começo da noite e nos surpreendemos com o porte e organização da cidade. Cali é uma grande metrópole com 2,5 milhões de habitantes toda moderna, cheia de avenidas arborizadas, com grandes corredores para ônibus, vias exclusivas para bikes e calçadas largas. Ela disputa com Medellín a posição de segunda maior cidade da Colômbia.
Apesar de todo o desgaste, seja com o fator segurança ou pelas estradas extremamente sinuosas, viajar pela Colômbia é um colírio para os olhos. O país é belíssimo, suas rodovias, além de super arborizadas, cortam trechos lindíssimos: não faltam selvas, vales, cachoeiras, belos rios, pontes, bonitas fazendas e suas plantações de café…